Avaliação da qualidade e auditoria

Ao longo do nosso dia estamos, mesmo sem perceber, a nos monitorar constantemente, seja nossa aptidão física (será que conseguirei aumentar o peso anterior no exercício da academia? Ou conseguir ficar naquela posição da ioga?), lazer (Será que consigo cozinhar mais bolinhos acertando o ponto? Quando tempo gasto para assar uma carne no churrasco?) ou mesmo nosso conhecimento profissional (quantos pontos consigo fazer na prova da especialidade desse ano?). Por que não utilizar essa característica, essa necessidade humana de contar, categorizar, monitorizar, para também melhorar os cuidados em saúde das pessoas que atendemos?

A Auditoria Clínica é um dos Pilares da Governança Clínica, movimento iniciado no Reino Unido, nos anos 90, de melhoria contínua da qualidade da assistência a saúde. Conceituando…

“A gestão da clínica constitui-se num conjunto de tecnologias de micro-gestão destinado a prover uma atenção à saúde de qualidade: centrada nas pessoas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde; provida com custos ótimos; oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma a reduzir as desigualdades injustas; e ofertadas de forma humanizada” Institute of Medicine e Mendes, 2011.

Ou seja, segundo Donaldson e Gray (1998), é “Fazer as coisas certas, para as pessoas certas, no tempo certo e fazer tudo certo pela primeira vez”.

Nessa perspectiva, a Auditoria Clínica é uma importante ferramenta que garante qualidade, pois, é definida como uma: “análise crítica e sistemática da qualidade dos cuidados médicos, incluindo os procedimentos de diagnóstico e tratamento, a utilização de recursos e os consequentes resultados e qualidade de vida para o doente confrontando-os com critérios de qualidade.” (White Paper, 1989).

O Ciclo de uma Auditoria começa com a identificação de um problema, continua com a definição de critérios ou indicadores de qualidade, recolha da informação, comparação do desempenho observado com os critérios de qualidade definidos e termina com a execução da mudança.

Dicas Importantes:

1) Um quesito importante para uma Auditoria de sucesso são as pessoas estarem contaminadas pelo espírito da Auditoria, ela não deve ter o caráter punitivo e deve ser focada em questões que façam sentido para a equipe!

2) Não pare na Mensuração! A extração e estudo dos dados deve ser simples e rápida, o mais importante é estabelecer o que é importante ser auditado e estar disposto a pensar soluções e implementa-las!

No seu local de trabalho a auditoria clínica é um hábito? Ela é uma das Competências esperadas de um bom Médico de Família e Comunidade, inclusive listada no Currículo Baseado em Competências da SBMFC!

Seguem algumas dicas de Auditorias já realizadas na Unidade de Saúde em que trabalho:

Cuidados clínicos nas pessoas da Saúde Mental (Pessoas da Saúde Mental estão recebendo as avaliações de saúde recomendadas para a idade e sexo?)
Manejo das pessoas com Sífilis (diagnóstico, tratamento e seguimento foram adequados?)
Realização de Consultas de Puerpério (Quantas gestantes não tiveram essa consulta e porque)
Auditoria de Acesso (Tempo de espera na Demanda espontânea e Satisfação)
Encaminhamentos para consulta especializada seguem o estabelecido no protocolo da unidade?

Gabriela Persio

Médica de Família e Comunidade com Residência no Hospital Odilon Behrens. Médica de Família e Comunidade concursada atuando no Centro de Saúde Nossa Senhora Aparecida(SUS-BH). Capacitação em Preceptoria de Residência Médica pelo PROADI-SUS/Hospital Alemão Oswaldo Cruz (2017). Preceptora do Programa de Residência Médica de MFC do Hospital Metropolitano Odilon Behrens. Preceptora Graduação na Faminas-BH (2016). Mestranda em Saúde da Família e Comunidade.