Atenção primária à saúde: da Atenção Básica à Atenção Primária de Alta Performance

A atenção primária à saúde (APS) ultimamente tem sido vista como a solução para os problemas dos Sistemas de Saúde, que se vêem em meio a um misto de insatisfação dos pacientes, insatisfação dos profissionais e custos de em saúde insolventes.

Mas será mesmo que a estratégia que consertará todo o Sistema de Saúde irá emergir de Serviços improvisados, baratos, sem tecnologia e que qualquer profissional recém formado pode exercer?

Não é o que os resultados demonstram. Programas de Atenção primária, tanto públicos, quanto privados, ainda não conseguem entregar o que prometeram.

Para conseguir o objetivo quíntuplo de melhorar a experiência do paciente, melhorar os resultados em saúde, melhorar a experiência do colaborador, equilibrar os custos em saúde e reduzir as iniquidades, será preciso mais do que isso. Será preciso uma Atenção Primária de Alta Performance.

Veja abaixo características que serviços modelos de Atenção Primária compartilham. Acompanhe!

1. Liderança engajada

De nada adianta uma decisão “de cima para baixo” (top-down). Sendo os profissionais e as equipes de saúde os protagonistas imediatos de todos os processos de trabalho em saúde, são eles que elegem a quais dos diversos objetivos se procurará atender. Do mesmo modo, é difícil uma decisão “de baixo para cima” (bottom-up) emergir sem esforços heróicos dos profissionais, os quais são, a médio e a longo prazo, um tanto quanto insustentáveis e, por isso, deflagradores de situações de burnout entre os profissionais. Assim, é apenas com o comprometimento articulado entre a gestão e a assistência que se consegue cumprir o objetivo da qualidade assistencial em saúde, isto é, “fazer a coisa certa, no momento certo, para as pessoas certas e tudo certo pela primeira vez” (Donaldson & Gray, 1998).

2. Time entrosado

As palavras equipe e grupo são freqüentemente usadas indistintamente. Mas elas não são equivalentes.  Grupos são apenas como punhados de profissionais atuando de forma isolado, cada qual fazendo uma coisa desconexa do outro, gerando por isso retrabalho e desperdícios e também a insatisfação do paciente, que diante disso consegue perceber a desarmonia. Por outro lado, equipes são verdadeiramente conexas. As tarefas vão sendo, de modo escalonado, divididas e delegadas entre os profissionais, para que cada um trabalhe no limite máximo da sua capacidade, competência e atribuição. Inclusive podendo aumentar esse limite gradualmente, através do compartilhamento de saberes entre os profissionais.

3. Qualidade orientada por dados

Muitas práticas empreendem grandes esforços, acreditando que estão fazendo o melhor. Mas, infelizmente, tantos esforços são geralmente desperdiçados, porque não são direcionados por indicadores, métricas e metas. Quando muito realizam auditorias manuais com dados pregressos, que não tem propósito de melhoria. Serviços de alta performance, por outro lado, monitoram constantemente seus progresso em direção aos objetivos, utilizando sistemas automáticos e em tempo real. As medidas de desempenho são frequentemente detalhadas para a cada profissional e para período e disponibilizadas em gráficos em reuniões periódicas de planejamento que estimulam avaliações de melhoria direcionadas.

4. Adscrição por Lista de Pacientes

A adscrição de pacientes significa vincular cada paciente a uma equipe de atendimento. É a adscrição que gera a responsabilidade sanitária, tão cara para que a Atenção Primária consiga operar, de forma capilarizada, como coordenadora do Sistema de Saúde. Comumente, uma das formas de adscrição é a territorialização, em que as equipes são atribuídas para atenderem as populações segundo seus territórios. No entanto, essa forma de adscrição não considera algumas peculiaridades centrada nos pacientes, que frequentemente desejam maior liberdade para escolherem suas equipes de cuidado primário. Para atender a esse desejo, as listas de pacientes abarcam um número máximo de pacientes, independente do local de suas residências. Esse número máximo é ponderado pela complexidade que cada paciente adiciona, de forma que a carga trabalho das equipes seja sempre equilibrada.

5. Gestão Populacional

A estratificação populacional consiste na categorização de pessoas de acordo com a probabilidade ou chance de ocorrência de um evento desfavorável. A estratificação da população em subpopulações leva à identificação e ao registro das pessoas usuárias portadoras de necessidades similares, a fim de colocá-las juntas, com os objetivos de padronizar as condutas referentes a cada grupo nas diretrizes clínicas e de assegurar e distribuir os recursos específicos para cada qual. Pelo princípio da equidade, quanto maior a necessidade, mais cuidados devem ser ofertados. Essa maior atenção é traduzida em maior vigilância, maior número de exames indicados e maior número de consultas para conseguir colocar sob controle os problemas de saúde.

6. Apoio ao autocuidado mediado por tecnologias

Apesar de uma boa Gestão a Clínica e de uma boa Governança Clínica da parte dos profissionais e do serviço serem importantes, ainda assim isso não será suficiente para das condições de saúde e adoecimento prevalentes da APS. Há estudos que mostram que a atenção profissional direcionada aos diversos ciclos de vida, bem como aos portadores de condições crônicas consome poucas horas durante um ano, de forma que o tempo de exposição ao apoio do profissional é infinitesimalmente pequeno frente ao tempo que o paciente convive com seus problemas ou com sua doença (ou seja, todo o tempo), por mais hiper frequentador que seja a pessoa. Isso significa que à atenção profissional deve-se conjugar necessariamente o autocuidado, tanto para complementar quanto para suplementar aquela tradicional forma de se pensar cuidado em saúde com o profissional ditando as ações que devem ser executadas. As tecnologias em saúde tem permitido que esse apoio seja dado mais facilmente, não apenas de modo presencial. Com conteúdos disponíveis na internet, seja através de ferramentas de busca, portais, vídeos, redes sociais e aplicativos para dispositivos móveis, as fronteiras para acesso das pessoas a informações para seu autocuidado são expandidas. A Atenção Primária, como um nível de atenção responsável pelo primeiro contato dos indivíduos com o sistema de saúde, está em uma posição privilegiada para guiar os pacientes para utilizar melhor esses recursos.

7. Acesso Avançado

Historicamente, as primeiras vezes em que esse termo foi categoricamente usado foi pela dupla de pesquisadores Mark Murray e Catherine Tantau, no artigo que literalmente explodiu o paradigma do acesso na atenção primária. Tal novo modelo propunha uma revolução no modo de ofertar consultas em que o foco está todo em em fazer o trabalho de hoje exatamente no dia de hoje, assim como fazer o trabalho de amanhã no dia de amanhã, e assim por diante. Isso significa equilibrar de modo equânime a demanda dos pacientes com a oferta dos provedores de cuidados. E, para tanto, o agendamento é centrado nos pacientes e nas suas necessidades. A agenda dos provedores não é mais protegida, para que justamente a liberdade de agendamentos futura seja. Isso garante que os pacientes vejam o seu provedor de cuidados primários no mesmo dia que demandam ou no dia a sua escolha. A proporção de agenda aberta para conseguir dar conta dessa equação depende do diagnóstico de demanda para cada local, que deve ser previamente realizado, mas o sentido, o princípio universal do modelo que se aplica a todo e qualquer lugar, é sempre deixar a agenda o mais aberta possível.

Agora que você entende a importância e sabe quais as principais ações pôr em prática na atenção básica à saúde, é necessário ter em mente que esse serviço é composto por diversos desafios. Para superá-los, uma alternativa é buscar maiores conhecimentos sobre o assunto, além de contar com uma consultoria especializada, que ajudará em uma gestão mais efetiva do cuidado e bem-estar da sociedade.

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